Antes de mais nada, quero registrar que não perdi um único amigo ou amiga (pelo menos, acho) duramente esse encarniçado processo eleitoral que se travou via Facebook.
Procurei, durante todo o processo eleitoral, fazer uma
discreta campanha para a minha candidata, mas sem responder a provocações e não
provocar.
Procurei, durante toda minha vida, exercer a democracia,
em casa, no trabalho, na vida e na política. Isso porque acho que todo mundo
tem o sagrado direito de torcer pelo Vasco na torcida do Flamengo
(parafraseando o Millôr, se não me falha a memória; ou teria sido o Stanislaw).
Tenho muitos amigos e amigas, conhecidos e conhecidas, que
votaram no Aécio. E respeito profundamente suas escolhas políticas.
Mas vamos falar da tal divisão do país,
apregoada por muitos colunistas/jornalistas como um grande problema, gerado
pelo resultado eleitoral desta eleição presidencial.
Mas isso, gente, não é um problema. Primeiro porque,
passada a emoção da eleição, somos todos brasileiros e torcemos, juntos, para o
bem do nosso país.
O que podemos tirar dessa situação, é o seguinte (e
óbvio): metade do país votou
contra a Dilma; outra metade, contra o Aécio. Daí, podemos concluir que Dilma
tem, teoricamente, metade do país na oposição. E que sugeriu, pelo voto, que
quer mudança.
Muito bem, Dilma sinalizou em seu discurso pós anúncio do
resultado eleitoral, que recebeu o recado, propondo o diálogo.
Minha cara presidente, há mesmo que se mudar muita coisa,
a começar pela reforma política. Não dá mais para o Brasil conviver com essa
zona que impera no nosso Parlamento.
Sabemos que sua intervenção no Parlamento é restrita, mas
a presidente da República pode influir muito nesse processo, movimentando sua
bancada de apoio, que não é e não será pequena. A ideia do plebiscito sobre a
reforma,, anunciada em seu discurso, também pode ser uma bela ideia, depois de
muito bem estudada e combinada com o Parlamento.
Tem que rever a questão das coligações partidárias
eleitorais, tem que rever a questão dos partidos de aluguel. Isso
par citar apenas dois exemplos.
A outra coisa é dar um basta na corrupção. Ninguém aguenta
mais conviver com essa situação.
Em suma, trabalhe em prol e com a outra metade que não lhe
deu votos.
Ao Aécio, que tem ao seu lado, teoricamente, a outra
metade da população, só peço uma coisa: faça oposição; como senador da
República, lidere uma oposição sadia, crítica, propositiva. Aproveite o momento
para liderar este processo. Não a oposição tacanha e medrosa que o PSDB fez, ao
longo dos 12 anos de governo do PT.
Meu caro, está em suas mãos conduzir este processo e sair
mais fortalecido para a próxima campanha, se o seu partido não se perder em
brigas internas e decisões para apontar o próximo candidato à Presidência,
pois, como se sabe, o Alckmin também está de olho no Planalto.
A democracia, o país, a política ganhará muito se o PSDB
se portar, realmente, como um partido de oposição.
E vamos em frente!
Chico
Junior (jornalista e escritor)