De acordo com Auro de Moura Andrade, as razões de seu ato,
citado em sua carta renúncia, entregue ao ministro da Justiça Oscar Pedroso Horta, foram:
Fui
vencido pela reação e, assim, deixo o Governo. Nestes sete meses, cumpri meu
dever. Tenho-o cumprido, dia e noite, trabalhando infatigavelmente, sem
prevenções nem rancores. Mas, baldaram-se os meus esforços para conduzir esta
Nação pelo caminho de sua verdadeira libertação política e econômica, o único
que possibilitaria o progresso efetivo e a justiça social, a que tem direito o
seu generoso povo.
Desejei
um Brasil para os brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, a mentira
e a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições de
grupos ou indivíduos, inclusive, do exterior. Forças terríveis levantam-se
contra mim, e me intrigam ou infamam, até com a desculpa da colaboração. Se
permanecesse, não manteria a confiança e a tranquilidade, ora quebradas, e
indispensáveis ao exercício da minha autoridade. Creio mesmo, que não manteria
a própria paz pública. Encerro, assim, com o pensamento voltado para a nossa
gente, para os estudantes e para os operários, para a grande família do País,
esta página de minha vida e da vida nacional. A mim, não falta a coragem da
renúncia.
Saio
com um agradecimento, e um apelo. O agradecimento, é aos companheiros que,
comigo, lutaram e me sustentaram, dentro e fora do Governo e, de forma
especial, às Forças Armadas, cuja conduta exemplar, em todos os instantes,
proclamo nesta oportunidade.
O
apelo, é no sentido da ordem, do congraçamento, do respeito e da estima de cada
um dos meus patrícios para todos; de todos para cada um.
Somente,
assim, seremos dignos deste País, e do Mundo.
Somente,
assim, seremos dignos da nossa herança e da nossa predestinação cristã.
Retorno,
agora, a meu trabalho de advogado e professor.
Trabalhemos
todos. Há muitas formas de servir nossa pátria.
Brasília,
25-8-61.
a)
J. Quadros11
Fonte e imagens: Wikipedia - Montagem de imagens: Amorim Sangue Novo