A candidata à
presidência da república em 2014 pelo PSOL manda mensagem de fim de ano à
imprensa e diz que há no país, alguns jovens velhos acomodados e opressão a
negros, mulheres e LGBTs.
Leia na íntegra:
"Muito
obrigada, vamos continuar!
Almejar uma sociedade
que ainda não existe, mas que é uma possibilidade real. Assim o filósofo alemão
Ernest Bloch definiu a utopia concreta. Não é uma fantasia, mas sim uma busca
das possibilidades efetivas que estão latentes e ainda não foram realizadas.
Não é uma mera idealização por que é vinculada a uma ação que aponta para o
futuro.
É com esta concepção
que encarei o desafio de ser candidata à Presidência da República e de defender
e lutar por esta utopia concreta. Acredito firmemente que o que há hoje não é o
todo possível. O que hoje ainda não é, amanhã é o que ainda pode ser. Otimismo?
Sim, vivo entre o pessimismo da razão e otimismo da vontade, como escreveu
Gramsci. Os sonhos podem ser uma tentativa de transcendência da realidade dada,
e a esperança uma racionalidade antecipadora. Se juntos, sonho e esperança,
forem os motores da ação.
No dia a dia, os
interesses dos de cima são sempre apresentados como interesses universais.
Discurso feito para justificar a dominação oculta que tenta banir o pensamento
crítico. Me nego a aceitar a exploração e o abismo entre ricos e pobres como um
dado natural e imutável. Me nego a aceitar este simulacro de democracia que
vivemos como o máximo alcançável. Não aceito como natural a opressão aos LGBTs,
às mulheres, às negras e aos negros.
Às vezes o pessimismo
da razão toma conta e quase fraquejo. Quando leio absurdos ou vejo jovens já
velhos e acomodados. Alguns até com raiva de quem ainda sonha. Mas logo o
otimismo da vontade me contagia novamente, pois a realidade é muito mais rica
do que aparece na superfície. Uma alternativa de poder não surge
espontaneamente. O processo é longo, cheio de idas e vindas, contradições e
impasses. O mundo árabe que o diga. Mas, Podemos na Espanha e Syriza na Grécia
fortalecem a esperança de que é possível avançar. Tudo o que ocorreu no Brasil
desde junho de 2013 até hoje evidencia as contradições do processo mas também
as possibilidades abertas.
A luta está apenas
começando. O possível é uma construção humana. Nada está pronto. Nossa enorme
responsabilidade é negar o dado, dando forma e conteúdo ao novo.
Muito obrigada a
todos e todas que nos ajudaram a continuar, nas pegadas dos corajosos e
corajosas que nos antecederam e abriram caminhos, na árdua mas gratificante
tarefa de construção deste novo. Vamos continuar! Boas Festas! Feliz 2015!
Um abraço,
Luciana Genro
PS.: A foto é com a
Luna, durante a campanha eleitoral, em Porto Alegre."