Ao mesmo tempo em que fingem não ver o grave problema da falta de água em São Paulo, como decorrência da imprevidência dos governos tucanos – dos quais Goldman fez parte – oposicionistas e imprensa comprometida fazem enorme alarido sobre o problema na energia elétrica que, ao contrário da água, não está sob regime de racionamento. Isso, porém, é apenas uma pequena mostra do que Dilma terá de enfrentar neste segundo mandato, a exemplo do primeiro, que cumpriu sob fogo cerrado. Aliás, o próprio candidato derrotado Aécio Neves declarou, tão logo informado do resultado do pleito presidencial, que não daria trégua à Presidenta reeleita, na verdade uma vingancinha de criança birrenta que perdeu o brinquedo.
Depois de pintar em seu blog um quadro negro do país, que classificou de "fim do mundo", o ex-governador Alberto Goldman manifesta a crença de que Dilma não conseguirá resistir à pressão nos quatro anos do seu segundo mandato. E pergunta: "Como e quando será possível uma transição democrática, supondo que a situação não possa ser mantida pelos 4 anos desse mandato?" O tucano conclui conclamando as "forças democráticas" para o golpe, ou melhor, a "transição democrática", e afirmando: "Essa é a nossa tarefa". Uma tarefa sem dúvida inglória, porque ninguém consegue entender como será possível conciliar golpe com democracia? Pelo visto a derrota no pleito passado afetou o juízo dos tucanos, que não conseguem pensar em outra coisa a não ser num modo de conquistar o poder, sem importar-se com o preço a pagar.
Goldman também, como não poderia deixar de ser, aborda a Operação Lava-Jato dizendo que as investigações na Petrobrás "mostram a total deterioração do governo e dos partidos que o sustentam". E enfatiza: "É um Deus nos acuda, um salve-se quem puder". Ele se esqueceu de dizer que os escândalos na estatal estão sendo apurados e os responsáveis punidos, o que nunca aconteceu no governo tucano. Agora, pergunta-se: como levar a sério semelhante declaração de quem foi governador de São Paulo e finge desconhecer o problema do cartel de trens do metrô paulista, que está sob investigação das justiças brasileira e suíça? A própria mídia se mostra conivente ao omitir informações sobre o fato, ao mesmo tempo em que escandaliza diariamente as investigações na Petrobrás, embora não haja diferença na corrupção em ambos os casos.
Todos sabem que as críticas, próprias dos regimes democráticos, são necessárias e de fundamental importância para os governos, na medida em que apontam erros e falhas que exigem reparos. No Brasil, no entanto, infelizmente as críticas não têm caráter construtivo, não objetivam ajudar o governo a melhorar a sua administração, mas visam, única e exclusivamente, a tomada do poder. Obcecados em apear Dilma do Palácio do Planalto os jornalões há muito perderam o escrúpulo e, sem a menor cerimonia, a acusam de tudo o que acontece de ruim no país, culpando-a até mesmo pela ausência de chuvas sobretudo em São Paulo. Ela também é culpada pelo excesso de chuva em outros Estados. Ou seja, São Pedro não precisa mais se preocupar com as reclamações, porque ela será sempre responsável, segundo a imprensa oposicionista, pela variação do clima no Brasil. Afinal, ela é a Presidenta da República e, mais grave ainda, do PT.
Hipocritamente falam em democracia quando, na verdade, querem mesmo é chegar ao poder ainda que para isso tenham de rasgar a Constituição. Dilma nem bem começou o segundo mandato e já fazem, como de hábito, previsões catastróficas, não dando tempo sequer para que o novo ministério esquente a cadeira e mostre seus projetos. Por mais estranho que possa parecer, as lideranças oposicionistas, contando com o coro da mídia, dão a nítida impressão de que estão mesmo é torcendo para que o governo fracasse e o país afunde no caos. Na verdade não fazem oposição ao governo mas ao Brasil, convencidos de que terão alguma chance de chegar ao poder numa situação de desastre. Esquecem, porém, que graças ao avanço das comunicações, em especial da internet, a população, em sua grande maioria, não mais se deixa influenciar pelas cassandras do pessimismo.
A inusitada reação de colunistas à declaração do Papa Francisco sobre liberdade de expressão, referindo-se ao episódio envolvendo a revista francesa "Charlie Hebdo", revela o temor dos jornalões de que o projeto de regulação da mídia seja aprovada e ponha um fim à sua impunidade. O Sumo Pontífice disse, com muita propriedade, que "a liberdade de expressão não dá a ninguém o direito de ofender o próximo". Ele fez alusão à linha editorial da revista francesa, que se especializou em esculachar o profeta Maomé, mas a declaração atingiu em cheio a chamada grande imprensa brasileira que, usando a liberdade como escudo, se habituou a manipular e distorcer informações e a destruir reputações, impunemente. E Dilma, neste segundo mandato, prometeu colocar um freio nesse abuso, a exemplo de alguns países como a Inglaterra. Derrubá-la do Planalto, portanto, pode ser a única maneira de impedir que a regulação seja aprovada e os jornalões mantenham o seu poder destruidor. Daí o massacre diário à Presidenta que, até o final do seu mandato, será sempre a culpada de tudo.
Postado por Ribamar Fonseca no Brasil/247