Por diversas vezes questionei com leitores e não leitores
sobre a presidenta Dilma ser chamada presidentA, de fato, de direito e por
querer ser chamada assim. Até fiz matéria com provas através de cópias de
diversos dicionários e outras, porém os “analfas” de plantão continuaram a me
encher o saco.
Para não perder as estribeiras e mandar todos tomarem em
seus devidos tubos de escape de fezes, preferi e prefiro ignorar tais
comentários e gozações.
Agora meu colega de jornalismo, Leandro Fortes, através
da publicação abaixo poderá clarear a cabeças de muitas pessoas (veja segunda imagem) ou trazer pra si os
“analfas” que eram meus.
Aliás, é interessante que pouquíssimas pessoas me questionaram por
eu ter trocado meu nome para Amorim Sangue Novo (será que não é para demonstrar
o recalque citado por, Leandro?), apesar de que muitas trocam por Sangue Bom,
talvez até por confundir com a novela, mas vale lembrar que este meu nome
surgiu bem antes da novela e, desde quando mudei para a cidade de Panorama e
verificar que aquela cidade estava e está precisando de uma injeção de sangue
novo.
Atenção: Tubo de escape de fezes é de minha autoria
(Amorim Sangue Novo, por que assim sou e por que assim
quero)
Essa discussão sobre
Dilma Rousseff usar a designação “presidenta” em vez de “presidente” beira à
babaquice e à ignorância, nem sempre nessa ordem, embora o sujeito dessa oração
seja, todo mundo sabe, o preconceito.
Toda vez que essa
bobagem vem à tona, me lembro de como o advogado Antonio Carlos de Almeida
Castro decidiu mudar a grafia do próprio apelido, “Cacai”, para o glamoroso e
internacional “Kakay”.
Um dos mais famosos
criminalistas do País, Castro é também uma fonte privilegiada do jornalismo da
capital. Conhece, por ofício, a intimidade do poder de ponta a ponta do
espectro esquerda-direita, e sabe equilibrá-la entre o sigilo profissional e a
inconfidência calculada.
Pois bem, no dia que
“Cacai” decidiu ser “Kakay”, aliás, um direito dele, precisou apenas avisar às
redações.
No outro dia, todos
os jornais e revistas adotaram alegremente a grafia bolada pelo advogado,
talvez em um desses tarôs de numerologia. E ninguém questionou que não podia
ser “Kakay” porque não existe “kays” do porto, nem “kayçara”, nem o “karay” a
quatro.
É “presidenta”
porque a presidente eleita quis assim, nos documentos oficiais e no tratamento
pessoal, como forma de estabelecer um marco simbólico na ocupação do poder.
Isso, apesar de haver mulheres a replicar a geleia de misoginia dispensada ao
tema.
Ninguém é obrigado a
seguir a designação, fora da esfera dos órgãos oficiais. Usa quem quiser.
Além disso, não tem
erro de português.
Tem é recalque
mesmo.
Postado por Leandro
Fortes no DCM – Título e imagem principal: Amorim Sangue Novo
Sobre o Autor
Leandro Fortes é jornalista, professor e escritor. Trabalhou para o Jornal do
Brasil, O Globo, Correio Braziliense, Estadão, Revista Época e Carta Capital.