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O Conselho de
Administração da Petrobras se reúne nesta sexta para eleger um nome indicado
pela Presidência da República para ocupar a cadeira de presidente-executivo da
petroleira, que está no centro de um escândalo bilionário de corrupção.
O novo comando da
empresa terá entre seus desafios iniciais a regularização da publicação das
demonstrações financeiras da estatal. Isso em meio à apuração de um escândalo
de corrupção que exigirá que a estatal realize baixas contábeis de ativos
sobrevalorizados.
Entre os nomes
apontados pelo mercado como possíveis para assumir a presidência da Petrobras
estão o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, o ex-presidente da
mineradora Vale Roger Agnelli, o atual presidente da Vale, Murilo Ferreira, o
ex-executivo da Petrobras e OGX Rodolfo Landim, além do ex-CEO da companhia
petroquímica Braskem José Carlos Grubisich.
Saída
A saída dos
executivos, anunciada na quarta-feira, aconteceu quase um ano após a
deflagração da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga o suposto
esquema de corrupção, no qual funcionários e ex-funcionários da estatal teriam
desviado recursos da petroleira para pagamento de subornos e para financiar
partidos políticos.
Os novos diretores
vão substituir os seguintes executivos que renunciaram: Almir Barbassa
(Finanças), José Carlos Cosenza (Abastecimento), José Miranda Formigli
(Exploração e Produção), José Alcides Santoro (Gás e Energia) e José Antônio
Figueiredo (Engenharia, Tecnologia e Materiais).
Permanecem na
diretoria João Elek Junior, recentemente empossado para a nova diretoria de
Governança, Risco e Conformidade, e José Eduardo Dutra, diretor Corporativo e
de Serviços.
A renúncia dos
executivos nesta semana surpreendeu integrantes do governo, que previam uma
mudança na diretoria apenas no fim do mês, segundo uma fonte governamental.
Os diretores não
aceitaram ficar no cargo por mais tempo, quando a saída deles foi dada como
certa, após a presidente Dilma Rousseff finalmente aceitar o pedido de demissão
de Graça Foster, segundo outra fonte próxima à diretoria da estatal.
Já bastante
desgastados, os diretores não quiseram mais ser diretamente associados ao
escândalo de corrupção, um dos maiores da história do país, sem denúncias de
que teriam participado.
A situação dos
diretores foi agravada depois que a companhia apresentou, com atraso de mais de
dois meses, o balanço do terceiro trimestre não auditado.
O atraso foi causado
pela dificuldade da companhia em incluir no seu relatório financeiro
informações sobre a suposta corrupção que teria comprometido os números da
Petrobras.
Agora, a nova
diretoria terá como missão correr contra o tempo para apresentar os números do
quarto trimestre dentro do prazo, até o fim de abril, auditado e com as baixas
contábeis.
A não apresentação
dos números dentro do prazo poderá causar questionamentos de credores e até
mesmo a execução imediata de dívidas bilionárias de detentores de títulos.
Após a notícia de que
Bendine assumirá a Petrobras, as ações da empresa tinham forte queda. Às 12h,
as preferenciais e as ordinárias recuavam 6,2 e 5,7%, respectivamente. O
Ibovespa .BVSP tinha desvalorização de 1,5%.
– O Bendine é uma
pessoa muito identificada com a primeira gestão do governo Dilma. O BB foi
absolutamente comandado pelo governo na primeira gestão e a Petrobras
precisaria de alguém mais independente, que peitasse o governo em determinadas
situações e não fizesse loteamento de cargos – disse à Reuters o sócio da Órama
Investimentos Álvaro Bandeira, no Rio de Janeiro.
40 anos no Banco do
Brasil
Aldemir Bendine, pode
ser considerado um fiel escudeiro do governo comandado pelo PT.Com quase 40
anos de carreira dentro do Banco do Brasil, onde ingressou como menor
estagiário em 1978, assumiu o maior banco da América Latina em abril de 2009 –
quando Luiz Inácio Lula da Silva era o presidente da República e Guido Mantega
o ministro da Fazenda – para alinhá-lo à nova política econômica que estava
sendo implementada naquele momento.
A ideia foi baixar os
juros para incentivar o consumo no momento em que o mundo vivia uma das priores
crises financeiras da História. E foi o que o BB fez por muito tempo, inclusive
no governo da presidente Dilma Rousseff, iniciado em 2011.
Logo de cara, o banco
teve bons resultados e voltou à liderança no mercado brasileiro tomada pouco
antes pela compra do Unibanco pelo Itaú. Desde que Bendine assumiu o BB, o
valor das ações dobrou. No mesmo período, o principal índice de ações da bolsa
paulista subiu cerca de 20 por cento.
Dida, como é
conhecido inclusive entre seus colegas de trabalho, é palmeirense roxo e
bem-humorado. Viveu intensas batalhas políticas dentro do BB, que sofria
ingerência também de aliados do PMDB e outras linhas mais duras do PT, mas com
apoio do Palácio do Planalto conseguiu sobreviver.
Até mesmo em momentos
delicados, como quando foi alvo de polêmica após comprar um apartamento de 150
mil reais em dinheiro vivo, que ficava guardado em sua casa.
Ele voltou às
manchetes no ano passado, diante de denúncias de que o BB teria emprestado 2,7
milhões de reais à empresa da socialite Val Marchiori em uma linha subsidiada
pelo BNDES, contrariando normas internas das duas instituições.
Bendine, 51 anos,
cresceu muito rápido quando chegou aos escalões mais altos no BB. O novo
presidente da Petrobras é bacharel em Administração de Empresas, cursou MBA em
Finanças e em Formação Geral para Altos Executivos.
Da redação, com
Reuters