Semifinal do Futebol de 7* nos Jogos Parapan – Americanos de Jovens 2017. Brasil e Venezuela se enfrentavam no Centro de Treinamento Paralímpico, às margens da Rodovia Imigrantes, em São Paulo.
Era uma manhã ensolarada na capital paulista. Algumas pessoas acompanhavam o confronto em silêncio, mas a psicóloga Jovita Maria de Oliveira Souto, de 50 anos, não conseguia ficar calada.. “Vai, Thiago! Vai, Brasil!”, gritava alternadamente.
Seu filho, Thiago Luiz de Oliveira Souto, de 17 anos, vestia a camisa 6 da seleção brasileira. Durante a partida decisiva, ele foi um dos jogadores mais acionados em campo. Fez um dos sete gols na goleada por 7 a 3 sobre os venezuelanos.
Thiago possui paralisia cerebral e descobriu o Futebol de 7 durante os Jogos Paralímpicos de Londres – 2012. “Eu percebi que os atletas possuíam a mesma deficiência que a minha. Pesquisei na internet e descobri um professor que dava aula em Suzano [Grande São Paulo]. O esporte é meu alicerce e me possibilita a fazer o que eu gosto. Eu não me sentia incluído, mas o Futebol de 7 mudou isto”, disse o jovem, que mora em Guarulhos, também na Região Metropolitana de SP.
“Ele sempre gostou de jogar futebol e quando começou a se desenvolver, viu que não tinha condições de jogar igual às pessoas sem deficiência. Ele queria jogar de igual para igual e hoje está se saindo muito bem. O sonho dele sempre foi defender as cores do Brasil”, revelou Jovita, orgulhosa.
Recém-formado no curso técnico de Organização Esportiva e também no Ensino Médio, Thiago disse que tem o sonho de ser jornalista e se inspira em Mauro Cezar Pereira, comentarista dos canais ESPN. “Eu fico o dia inteiro vendo esportes na TV e gosto de falar em público. Esportes e jornalismo tem tudo a ver comigo. Entre os jogadores, gosto do Edu Dracena”, afirmou o atleta, que se declarou santista.
“Vê-lo no Parapan com o uniforme do Brasil é um sonho realizado dele e dos pais. Porque os pais se esforçam muito para levá-los [atletas com deficiência] aos treinos e incentivá-los a superar as dificuldades. Agora, ele está numa fase de transição entre o esporte e a entrada no mercado de trabalho. Fazemos de tudo para ele não se sentir inferiorizado e buscar os seus objetivos com muita garra”, finalizou Jovita.
Com a classificação para a final do Futebol de 7, Thiago já tem um pódio garantido. Se depender do apoio e dos gritos de sua mãe, a medalha pode até ser de prata, mas o futuro é de ouro.
*O futebol de 7 é praticado por atletas com paralisia cerebral, decorrente de sequelas de traumatismo crânio-encefálico ou acidentes vasculares cerebrais.. A partida dura 60 minutos, divididos em dois tempos de 30, com um intervalo de 10 minutos.
Postado originalmente no Torcedores.com
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