Justiça proíbe acampamentos; Juiz pede que apoiadores evitem protestos; MST promete mobilizar 20 mil
PM começou a cadastrar moradores no sábado (foto: Vagner Rosario) |
A dois dias do depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) ao juiz federal Sérgio Moro, marcado para quarta-feira (10),
Curitiba vive a tensão do risco de confronto entre os aliados do petista e os
apoiadores do magistrado que comanda o processo da Lava Jato. Temendo
conflitos, o próprio Moro veio a público no final de semana para pedir, em
vídeo divulgado nas redes sociais, que os defensores da operação evitem
manifestações no dia da audiência.
A pedido da prefeitura, a
juíza Diele Denardin Zydek proibiu a montagem de acampamentos e outros tipos de
estruturas fixas em locais públicos, praças e ruas da Capital paranaense entre
a noite desta segunda-feira (8) e as 23 horas de quarta-feira. Segundo ela, a
previsão das autoridades é de que aproximadamente 50 mil pessoas sejam
mobilizadas para manifestações na cidade, o que exigiria a interdição. Na
decisão, a magistrada estipulou multa diária de R$ 50 mil em caso de
descumprimento da determinação.
As restrições incluem a
circulação de pedestres nas proximidades da sede da Justiça Federal, no bairro
do Ahú, onde acontecerá o depoimento do petista. Como já havia sido anunciado
na semana passada, somente moradores e veículos cadastrados poderão circular
pela região no período. No sábado, a PM começou a cadastrar os moradores de
imóveis vizinhos à sede da Lava Jato.
Risco
A prefeitura alegou que o
pedido foi feito para manter a ordem pública, pois caso a ocupação dos locais
próximos à Justiça Federal aconteça, a segurança da população daquela região
estaria comprometida, uma vez que haveria "ameaça de violência
iminente" entre os manifestantes. Na ação, a prefeitura cita o Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e outros que teriam intenção de ocupar
espaços públicos da cidade nos dias do depoimento de Lula.
"Da análise da situação
concreta e diante do interesse público envolvido, principalmente no tange à
garantia do funcionamento com segurança do Poder Judiciário, a segurança dos
próprios manifestantes e dos moradores do entorno do Fórum da Justiça Federal,
necessária a limitação parcial do acesso às imediações do Justiça
Federal", concordou a juíza no despacho. “O direito de manifestação não se
confunde com a possibilidade de ocupação de bens públicos ou particulares,
sendo certo que, diante do elevado número de pessoas envolvidas, muito embora
seja obstada a ocupação de ruas e praças públicas, é salutar que o requerente,
juntamente com os movimentos indicados na peça inaugural, negocie soluções a
fim de garantir o direito de manifestação, com a limitações ora deferidas”,
afirmou a magistrada.
Apelo
Em vídeo divulgado nas redes
sociais, Sérgio Moro solicitou aos simpatizantes da operação que não compareçam
a Curitiba e que os moradores da cidade também evitem as manifestações em favor
da Lava Jato nesse momento. “Eu tenho ouvido que muita gente que apoia a
Operação Lava Jato pretende vir a Curitiba manifestar esse apoio”, disse o
juiz. “Eu diria o seguinte: esse apoio sempre foi importante, mas, nessa data, ele
não é necessário”, argumentou.
“A minha sugestão é: não
venha, não precisa. Deixe a Justiça fazer o seu trabalho, tudo vai ocorrer com
normalidade. Eu espero que todos compreendam”, apelou o magistrado.
Mobilização
A Central Única dos
Trabalhadores (CUT) disse que não está promovendo a organização de caravanas,
mas distribuiu a organização das carreatas entre os sindicatos que a compõem.
Cerca de 30 ônibus sairão do grande ABC em São Paulo. O líder do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, disse que o grupo
pretende levar 20 mil militantes a Curitiba na quarta-feira. Segundo Stédile,
maior parte dos participantes será do Paraná, onde o movimento reúne 20 mil
famílias.
Postado originalmente no Bem Paraná
Postado originalmente no Bem Paraná
Nenhum comentário:
Postar um comentário