08 maio 2017

Antes de depoimento, Curitiba vive tensão pré-confronto Lula x Moro

Justiça proíbe acampamentos; Juiz pede que apoiadores evitem protestos; MST promete mobilizar 20 mil

PM começou a cadastrar moradores no sábado (foto: Vagner Rosario)
A dois dias do depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao juiz federal Sérgio Moro, marcado para quarta-feira (10), Curitiba vive a tensão do risco de confronto entre os aliados do petista e os apoiadores do magistrado que comanda o processo da Lava Jato. Temendo conflitos, o próprio Moro veio a público no final de semana para pedir, em vídeo divulgado nas redes sociais, que os defensores da operação evitem manifestações no dia da audiência.
A pedido da prefeitura, a juíza Diele Denardin Zydek proibiu a montagem de acampamentos e outros tipos de estruturas fixas em locais públicos, praças e ruas da Capital paranaense entre a noite desta segunda-feira (8) e as 23 horas de quarta-feira. Segundo ela, a previsão das autoridades é de que aproximadamente 50 mil pessoas sejam mobilizadas para manifestações na cidade, o que exigiria a interdição. Na decisão, a magistrada estipulou multa diária de R$ 50 mil em caso de descumprimento da determinação.
As restrições incluem a circulação de pedestres nas proximidades da sede da Justiça Federal, no bairro do Ahú, onde acontecerá o depoimento do petista. Como já havia sido anunciado na semana passada, somente moradores e veículos cadastrados poderão circular pela região no período. No sábado, a PM começou a cadastrar os moradores de imóveis vizinhos à sede da Lava Jato.
Risco
A prefeitura alegou que o pedido foi feito para manter a ordem pública, pois caso a ocupação dos locais próximos à Justiça Federal aconteça, a segurança da população daquela região estaria comprometida, uma vez que haveria "ameaça de violência iminente" entre os manifestantes. Na ação, a prefeitura cita o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e outros que teriam intenção de ocupar espaços públicos da cidade nos dias do depoimento de Lula.
"Da análise da situação concreta e diante do interesse público envolvido, principalmente no tange à garantia do funcionamento com segurança do Poder Judiciário, a segurança dos próprios manifestantes e dos moradores do entorno do Fórum da Justiça Federal, necessária a limitação parcial do acesso às imediações do Justiça Federal", concordou a juíza no despacho. “O direito de manifestação não se confunde com a possibilidade de ocupação de bens públicos ou particulares, sendo certo que, diante do elevado número de pessoas envolvidas, muito embora seja obstada a ocupação de ruas e praças públicas, é salutar que o requerente, juntamente com os movimentos indicados na peça inaugural, negocie soluções a fim de garantir o direito de manifestação, com a limitações ora deferidas”, afirmou a magistrada.
Apelo
Em vídeo divulgado nas redes sociais, Sérgio Moro solicitou aos simpatizantes da operação que não compareçam a Curitiba e que os moradores da cidade também evitem as manifestações em favor da Lava Jato nesse momento. “Eu tenho ouvido que muita gente que apoia a Operação Lava Jato pretende vir a Curitiba manifestar esse apoio”, disse o juiz. “Eu diria o seguinte: esse apoio sempre foi importante, mas, nessa data, ele não é necessário”, argumentou. 
“A minha sugestão é: não venha, não precisa. Deixe a Justiça fazer o seu trabalho, tudo vai ocorrer com normalidade. Eu espero que todos compreendam”, apelou o magistrado.
Mobilização
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) disse que não está promovendo a organização de caravanas, mas distribuiu a organização das carreatas entre os sindicatos que a compõem. Cerca de 30 ônibus sairão do grande ABC em São Paulo. O líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, disse que o grupo pretende levar 20 mil militantes a Curitiba na quarta-feira. Segundo Stédile, maior parte dos participantes será do Paraná, onde o movimento reúne 20 mil famílias.
Postado originalmente no Bem Paraná


Nenhum comentário: