Estava eu resolvendo umas coisinhas na alameda Lorena, em São Paulo, quando decidi comprar umas outras coisinhas num fino e conhecido mercado situado nesta rua.
Antes das compras, decidi usar o banheiro do chique estabelecimento. Ao chegar na porta do toilette, uma gentil funcionária – que retribuiu ao meu bom dia com um sorriso – realizava a limpeza do local.
Havia também ali uma senhora – que ignorou o meu bom dia com uma cara
daquele negócio que as vacas e bois fazem depois de comer. Pois é! A referida
senhora – toda trabalhada na grife, dos pés à cabeça, incluindo uma bolsa cujo
valor é suficiente para comprar um carro popular -, utilizou o banheiro
impecavelmente limpo antes de mim, posto que havia chegado primeiro. Saiu com a
mesma cara que usou para não me dar bom dia.
Quando finalmente eu entro no reservado para dar conta de minhas
necessidades humanas, me deparo com o assento do vaso sanitário todo respingado
de urina (será que urina tem grife?), e a descarga repousava sem ter sido
acionada.
Meu choque só não foi maior do que a minha vontade de esganar a perua
“etiquetada”. Infelizmente não consegui encontrá-la depois. Pois, como se diz
na linguagem policial “a meliante evadiu do local”.
Moral da história: Educação vem de berço, sim! Mas não de um berço feito
de madeiras caríssimas ou coisa que o valha! Educação vem de valores humanos
familiares, que incluem respeito pelos semelhantes e diferentes! A tal senhora
pseudo-elegante conseguiu em uma única urinada revelar o nível baixo de seu
caráter!
O mundo está doente. E a doença somos nós! Adoecemos o mundo a cada vez
que fingimos achar normal comportamentos arrogantes, depreciativos ou abusivos.
Essa coisa se alastra feito viroses ainda não catalogadas. São disfarçadas por
estampas finas, em cujo interior habita a pior espécie de gente.
E, caso você esteja aí pensando “Nossa! Mas será que precisa de tanto
barulho só por causa de uns respingos de urina?!” – e eu responderei “Sim! Mil
vezes sim!” -, porque não se trata apenas do xixi dessa criatura revestida de
grife. Nesse pequeno gesto aprecem claramente comportamentos explícitos de
desrespeito pelo outro; desrespeito pela moça que limpou o banheiro antes e
desrespeito por todas as outras moças que viriam a utilizar o espaço depois.
Sendo assim… Um “Salve!” para todos nós que
somos capazes de tratar os espaços públicos, com a mesma deferência que
tratamos as nossas propriedades privadas! E, desde já, agradeço e peço
desculpas pelo trocadilho!
Por Ana Macarini no ContiOutra
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