O Plenário do Senado aprovou nesta quarta-feira (27), em votação simbólica, o projeto de lei (PLC 152/2015) que permite o porte de arma de fogo em serviço por agentes da autoridade de trânsito da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios que não sejam policiais. Guardas municipais nessa função também terão o mesmo direito. O projeto segue para sanção presidencial.
Segundo o
Código de Trânsito Brasileiro (CTB-Lei 9.503/1997),
"agente da autoridade de trânsito" é toda pessoa, civil ou policial
militar, credenciada pela autoridade de trânsito para o exercício das
atividades de fiscalização, operação, policiamento ostensivo de trânsito ou
patrulhamento.
Do
ex-deputado federal Tadeu Filippelli (PMDB-DF), o projeto altera o Estatuto do
Desarmamento (Lei nº
10.826/2003). A proposta estabelece algumas exigências para a
concessão de porte de arma de fogo aos agentes de trânsito. Uma delas é a
comprovação de capacidade técnica e aptidão psicológica para o uso da arma.
Outra é condicionar a autorização para o porte não só ao interesse do ente
federativo ao qual o agente está vinculado, mas também à exigência de sua
formação prévia em centros de treinamento policial.
"Pequeno
calibre"
Em apoio ao
projeto, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) lembrou que os agentes de trânsito
abordam veículos roubados e criminosos. O senador Magno Malta (PR-ES) afirmou
que os agentes usarão armas de pequeno calibre.
O senador
Reguffe (sem partido-DF) defendeu o fortalecimento das instituições públicas
que protegem os cidadãos e disse que os agentes usarão as armas apenas em
serviço, o que ajudará na garantia da integridade física desses profissionais.
Os senadores Benedito de Lira (PP-AL) e Flexa Ribeiro (PSDB-PA) lembraram que a
categoria faz o trabalho de policiamento do trânsito.
Periculosidade
O PLC
recebeu ainda votos favoráveis dos senadores Cássio Cunha Lima (PSDB-PB),
Gleisi Hoffmann (PT-PR), Eduardo Amorim (PSDB-SE), José Medeiros (PSD-MT),
Wilder Morais (PP-GO), Humberto Costa (PT-PE), Hélio José (PMDB-DF), Fátima
Bezerra (PT-RN).
Cássio
afirmou que muitos agentes de trânsito já foram atropelados, mortos ou
ameaçados. Gleisi disse que a medida dará mais segurança para os agentes de
trânsito. Amorim afirmou que, embora seja contrário ao “desarmamento
desenfreado”, apoia o PLC devido à periculosidade da atividade. Medeiros,
relator do projeto, argumentou que os agentes receberão treinamento e
capacitação. Wilder afirmou que o Estatuto do Desarmamento “desarmou cidadãos
de bem”.
Já Simone Tebet
(PMDB-MS) defendeu que a liberação seja válida apenas para agentes que
trabalhem em vias públicas. O senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) disse
que a violência está acachapante no país e tomou conta de todos os estados, nas
cidades e na zona rural.
Votos
contrários
Já os
senadores Lindbergh Farias (PT-RJ), Cristovam Buarque (PPS-DF), Eduardo Braga
(PMDB-AM), Antonio Anastasia (PSDB-MG) e Pedro Chaves (PSC-MS) se manifestaram
contra o projeto.
Lindbergh
disse acreditar que a medida será ruim, pois tornará os agentes mais visados e
vulneráveis, o que poderá aumentar o número de conflitos.
— Espero
que eu esteja errado — disse Lindbergh.
Na
avaliação de Cristovam, uma pessoa armada está mais sujeita à violência que uma
desarmada. Conforme disse, 15 agentes de trânsito foram mortos no Brasil em
2016.
— Esse
número vai aumentar. Guarda de trânsito não ganha para prender ou matar
bandidos. Armar mais as pessoas não é a solução. Por que não armar os
motoristas de táxi, os motoristas de caminhão? Daqui a pouco vamos querer armar
toda a população. Voto contra — afirmou Cristovam.
Já a
senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) sugeriu mais investimentos na primeira
infância e na juventude, por “uma sociedade mais sadia”.
Da
redação com, Agência Senado
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