Ombudsman é um cargo profissional contratado por um órgão, instituição ou empresa com a função de receber críticas, sugestões e reclamações de usuários e consumidores, com o dever agir de forma imparcial para mediar conflitos entre as partes envolvidas.
O termo, atualmente disseminado no âmbito público e privado para designar um elo imparcial entre a instituição e sua comunidade de usuários, chegou às línguas modernas através do sueco ombudsman (feminino: ombudskvinna), que significa "aquele que representa” com o surgimento, em 1809, de normas legais que criaram o cargo de "agente parlamentar de justiça" para "limitar os poderes do rei".
Nos países de língua portuguesa, as palavras "ouvidor" e "provedor" (bem como "ouvidoria" e "provedoria") são mais utilizadas como substitutas ao nome estrangeiro, por exemplo, no Brasil, pela empresa estatal Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo e pelo Banco do Brasil; e, em Portugal, pela Rádio e Televisão de Portugal. Na Espanha, usa-se o termo "defensor do povo", (defensor del pueblo) na Itália é "defensor cívico" (difensore civico).
No BrasilDurante a elaboração da atual Constituição do Brasil, previu-se o cargo de defensor do povo no artigo 56 do anteprojeto da Comissão Affonso Arinos, o que remeteria à noção "controle do Estado" trazida pelo clássico instituto do Ombudsman.
Entretanto, sob pressão de alguns setores da sociedade, a Constituição Federal de 1988 superou o modelo clássico de tripartição do Estado, instituindo as "funções essenciais à Justiça", em seus artigos 127 a 135. Tais funções ostentam elevado grau de independência dos demais poderes, tendo como responsabilidade precípua o livre trânsito e fiscalização de seu funcionamento, remetendo-se a ramificações da função de controle e fiscalização do Estado.
Nesse sistema, tal função passou a se dividir em quatro:
·
Procuratura da sociedade: Ministério
Público em sentido estrito (artigos 127 a 130-A da
Constituição);
·
Procuratura do Estado: Advocacia
Pública (artigos 131 e 132 da Constituição);
·
Procuratura de interesses privados: Advocacia Privada (art. 133 da
Constituição);
·
Procuratura dos hipossuficientes: Defensoria Pública (artigos
134 e 135 da Constituição).
No âmbito
do Ministério Público, por exemplo, vê-se a Procuradoria
Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), vinculada ao Ministério
Público Federal. À Advocacia
Pública, por sua vez, cabe a fiscalização da legalidade dos atos
praticados pelo Governo, como um marco divisório limitativo dos interesses
políticos dentro da Administração Pública.
Ademais,
tem-se reconhecido, no Brasil, a função de ombudsman também
à Defensoria Pública,
conforme defende o professor de Direito Constitucional da UERJ e pós-doutor
pela Yale Law School, Dr. Daniel Sarmento, em parecer sobre o regime
jurídico da Defensoria Pública.
Por fim, a
Constituição conferiu à Advocacia Privada a
função de defesa do sistema jurídico e da democracia, atribuindo-lhe a
legitimidade para ajuizamento de ações no controle
concentrado de constitucionalidade e lhe garantindo assentos
nos Tribunais do Judiciário por meio do quinto constitucional.
Jornalismo
Alguns
veículos jornalísticos mantêm ombudsmans em seus quadros de funcionários para
servir como intermediário entre o leitor e a publicação. São por vezes chamados
de editores públicos, advogados dos leitores ou editores de leitores.Uma empresa
dona de dois jornais de Louisville, Kentucky, Estados Unidos, foi a primeira a
adotar o cargo, em 1967. Três anos depois, o The Washington Post seria
o primeiro grande jornal a contratar o profissional. O The New York Times só
passou a contar com um ombudsman em 2003, mas extinguiria a
função em 2017, argumentando que, na era das redes sociais, os leitores internautas podiam
cumprir a função melhor do que uma pessoa contratada pela empresa.No Brasil,
o primeiro veículo a instituir a função foi a Folha de S.Paulo, sendo Caio Túlio Costa o
estreante. Dos poucos veículos brasileiros que adotaram a iniciativa, muitos o
fizeram por pouco tempo, exceto pelo jornal O Povo,
que mantém um ombudsman desde 1993.No segundo
semestre de 2017, estimava-se que 150 ombudsmans atuavam em
redações por todo o mundo. 52 deles (a maioria da Europa e da América do Norte)
associavam-se por meio da Organization of News Ombudsmen (ONO).
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