Levantamento é feito pelo Instituto Internacional para a Democracia e a Assistência Eleitoral (IDEA Internacional), sediado em Estocolmo (Suécia). Urna brasileira é referência
O Brasil possui um dos mais avançados sistemas de votação
utilizados no planeta, que envolve a captação, o armazenamento e a apuração de
votos por meio da urna eletrônica, mecanismo que garante segurança, agilidade e
transparência aos resultados das eleições.
Totalmente
concebido e desenvolvido pela Justiça Eleitoral brasileira, o sistema distingue
o país como um dos poucos que anunciam os resultados das eleições poucas horas
após o encerramento da votação. São mais de duas décadas de utilização da urna
eletrônica, que já se tornou símbolo de lisura e segurança.
A evolução
tecnológica, que possibilitou os avanços da Justiça Eleitoral do Brasil, também
é perseguida por diversos países. De acordo com o Instituto Internacional para
a Democracia e a Assistência Eleitoral (IDEA Internacional), sediado em
Estocolmo (Suécia), 35 países já utilizam sistemas eletrônicos para captação e
apuração de votos.
A lista
inclui nações de sólida tradição democrática, como Suíça, Canadá, Austrália e
Estados Unidos, país que adota sistemas eletrônicos em alguns estados. Na
América Latina, México e Peru também fazem uso do sistema. Na Ásia, além de
Japão e Coréia do Sul, há o exemplo da Índia. Maior democracia do mundo em
número de eleitores (mais de 800 milhões), o país utiliza urnas eletrônicas
semelhantes à brasileira, mas adaptadas à realidade eleitoral local.
O Brasil,
contudo, é um dos poucos países que conseguiram expandir a votação eletrônica à
quase totalidade dos eleitores. Implantado em 1996, o sistema tornou-se
referência internacional, atraindo o interesse de diversas nações que buscam
fortalecer a cooperação com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para conhecer e
utilizar a experiência brasileira. Nessa área, já ocorreram empréstimos de
urnas desenvolvidas pelo TSE para vários países, entre eles, República
Dominicana, Costa Rica, Equador, Argentina, Guiné-Bissau, Haiti e México. O
Paraguai também empregou as urnas eletrônicas brasileiras em suas eleições de
2001, 2003, 2004 e 2006.
Cooperação Internacional
Segundo o
secretário de Tecnologia da Informação do TSE, Giuseppe Janino, atualmente a
Justiça Eleitoral tem estabelecido acordos de intercâmbio de conhecimento.
“Somos referência mundial nesse assunto, e os acordos de cooperação firmados
são uma oportunidade para o Brasil transferir conhecimento. O acordo não é para
ceder equipamento ou transferir softwares, mas, sim, para transferir
conhecimento, pois cada país tem sua realidade”, destaca Janino.
O interesse
internacional em relação ao sistema eletrônico de votação brasileiro e a
presença de comitivas de vários países no TSE já integra a rotina do Tribunal.
Nas Eleições Municipais de 2016, por exemplo, mais de 30 nações enviaram
autoridades para acompanhar o pleito e conhecer o sistema brasileiro, entre as
quais Angola, Bolívia, Botsuana, Coreia do Sul, Costa Rica, Estados Unidos,
França, Guiné, Guiné-Bissau, Jamaica, México, Panamá, Peru, República
Dominicana e Rússia.
No final de
setembro deste ano, o TSE recebeu a visita de parlamentares da República da
Indonésia, país que manifestou a intenção de adotar o sistema de voto
eletrônico em 2024. O chefe da delegação e vice-presidente da Câmara dos
Deputados do país, Fahri Hamzah, declarou-se impressionado com o sistema
eletrônico de votação brasileiro. “O voto eletrônico desenvolvido no Brasil
possui tudo o que necessitamos na Indonésia. No ano que vem, faremos eleições
ainda no modelo de cédulas, mas esperamos que, nas eleições de 2024, possamos
implementar sistema parecido com o modelo brasileiro”, afirmou.
Missões e acordos
Segundo o
chefe da assessoria de Assuntos Internacionais (AIN) do TSE, Ciro Leal, desde
1996 o TSE assinou mais de 40 acordos de cooperação e enviou mais de 30 missões
técnicas ao exterior. “Também recebemos mais de 70 visitas. Tudo isso, tendo o
sistema eletrônico no foco do interesse dos parceiros internacionais”, explica.
A urna
eletrônica brasileira foi idealizada e criada para atender a realidade
nacional. “Nós não fomos ao mercado adquirir alguma solução para a
automatização do voto. Desenvolvemos internamente o projeto. Essa solução tem o
diferencial de servir exatamente às nossas necessidades e se encaixar
exatamente na nossa realidade”, ressalta o secretário Giuseppe Janino.
As missões
que vêm ao Brasil conhecer o sistema eletrônico de votação assistem a uma
apresentação de todo o histórico de desenvolvimento da urna eletrônica. As
exposições são realizadas com elevado grau de detalhamento técnico sobre a urna
e todo o sistema eletrônico de votação. As principais dúvidas dos visitantes
são relativas à possibilidade de rastreamento dos votos digitados, o grau de
segurança na transmissão dos dados registrados e sobre os programas utilizados
para processar votos.
Demonstrações pelo mundo
O TSE
realiza, com frequência, demonstrações apresentando o sistema eletrônico de
votação brasileiro. Em Cabo Verde, Moçambique e África do Sul, por exemplo, o
Brasil participou de eventos sobre o tema. Guiné-Bissau recebeu missão
brasileira em apoio às eleições locais. E, na Ásia, ocorreram visitas ao Japão
e ao Siri Lanka, entre outros países. Argentina, Peru, Bolívia, Haiti, Panamá e
Estados Unidos já solicitaram informações técnicas sobre o sistema eletrônico
de votação brasileiro. Na Europa, Inglaterra, Rússia e Itália, entre outros,
demonstraram interesse no sistema eleitoral do Brasil de modo geral.
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