Coação eleitoral pró-Bolsonaro pode
custar 100 milhões de reais de indenização a Luciano Hang das lojas Havan
O Ministério Público do Trabalho em
Santa Catarina (MPT-SC) apresentou na última segunda-feira, 19, uma ação civil
pública em que pede na Justiça do Trabalho que a rede de lojas Havan seja
condenada a pagar indenizações no valor total de 100 milhões de reais por danos
morais coletivos e individuais contra seus funcionários durante a campanha
eleitoral.
Os
procuradores alegam que a empresa e seu dono, Luciano Hang, praticavam assédio
moral para interferir nos votos dos trabalhadores. Hang apoiou ostensivamente a
candidatura do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).
Na ação civil
pública, o MPT-SC pede o pagamento de 25 milhões de reais por danos morais
coletivos e 75 milhões de reais por danos morais individuais, divididos entre
5.000 reais para cada um dos 15.000 funcionários da Havan. O montante pedido
pelos procuradores totaliza, portanto, 100 milhões de reais.
O processo
cita vídeos em que Hang relata ter feito pesquisas de intenção de voto dentro
da empresa, nas quais constatou que 30% dos funcionários votariam em branco ou
nulo. “A gente fez algumas pesquisas que vamos divulgar pra vocês e nota ainda
que temos 30% de colaboradores que votaram branco e nulo, não soubemos ainda
quem não vai votar”, afirmou o empresário.
Os procuradores também citam o trecho do vídeo em que o empresário diz que, se
algum candidato de esquerda vencesse as eleições, a Havan “pode um dia fechar
as portas e demitir os 15.000 colaboradores que vamos ter no final do ano”.
“A Havan vai
repensar o nosso planejamento, talvez a Havan não vai abrir mais lojas, e aí se
não abrir mais lojas ou se nos voltarmos para trás, você está preparado para
sair da Havan? Está preparado para ganhar a conta na Havan?”, declarou Luciano
Hang.
Outro ponto
explorado pelo MPT-SC são eventos com “ostensiva campanha política partidária
para a Presidência da República”.
“Se espera que os agentes econômicos desempenhem suas
atividades dentro dos padrões de legalidade, sem desrespeitar direitos
fundamentais tão caros ao Estado Democrático de Direito, que são a liberdade de
expressão e de pensamento e de escolha política num sistema fundado na
democracia representativa”, afirma a ação assinada pelos procuradores do
Trabalho Alice Nair Feiber Sonego, Lincoln Roberto Nobrega Cordeiro, Luciano
Arlindo Carlesso, Luiz Carlos Rodrigues Ferreira e Sandro Eduardo Sardá.
No início de outubro, Hang já havia
sido alvo de uma decisão da
Justiça do Trabalho em Florianópolis para que não fizesse mais propaganda
política entre seus funcionários, sob pena de pagar 500.000 reais de multa.
Na decisão, o
juiz Carlos Alberto Pereira de Castro, da 7ª Vara do Trabalho da capital
catarinense, escreveu que “o tom da fala do réu aponta no sentido de uma
conduta flagrantemente amedrontadora de seus empregados, impositiva de suas
ideias quanto a pessoa do candidato que eles deveriam apoiar e eleger”. Castro
determinou ainda que a rede deveria divulgar em todas as suas lojas o teor da
decisão, para que esclarecer aos funcionários que eles tinham direito a
escolher seus candidatos.
A reportagem
tenta contato com a assessoria de imprensa da Havan, mas ainda não teve
retorno.
Da redação com Veja.Abril
Da redação com Veja.Abril
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