Carreira militar
Bolsonaro se interessou pelo Exército aos 15 anos,
quando ele e amigos forneceram dicas para os militares sobre possíveis
esconderijos de Carlos Lamarca, que havia montado um campo em Vale do Ribeira
para treinar guerrilheiros contra a ditadura militar.
Aos 18 anos de idade, Bolsonaro entrou para a
Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx). Porém, após refletir,
chegou à conclusão de que deveria ter prestado concurso para a Academia Militar
das Agulhas Negras (AMAN). Então, no final de 1973, após alguns meses na
EsPCEx, prestou o concurso e foi aprovado. Formou-se em 1977.
No final de seu último ano de academia, integrou a
Brigada de Infantaria Paraquedista, onde se especializou em paraquedismo. Após
concluir o curso, foi servir como Aspirante a Oficial no 21º Grupo de
Artilharia de Campanha (GAC) em São Cristóvão, bairro do Rio de Janeiro.
Depois, serviu no 9º GAC em Nioaque, Mato Grosso do Sul, de 1979 a 1981.Nesse
último ano, nasce seu primeiro filho, Flávio. No ano seguinte, 1982, cursou a
Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx) e nasce seu segundo filho,
Carlos.
Jair Bolsonaro em 1986, no mesmo ano em que foi
preso, quando servia no 8º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista.
Após ter se formado na escola, foi servir no 8º
Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista em Deodoro, bairro do Rio de
Janeiro. Foi um dos tenentes responsáveis pela avaliação física dos soldados
que concorriam para o curso de paraquedismo. Em 1987, cursou a Escola de
Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO).
Documentos produzidos pelo Exército Brasileiro na
década de 1980 mostram que os superiores de Bolsonaro o avaliaram como dono de
uma "excessiva ambição em realizar-se financeira e
economicamente".Segundo o superior de Bolsonaro na época, o coronel Carlos
Alfredo Pellegrino, Bolsonaro "tinha permanentemente a intenção de liderar
os oficiais subalternos, no que foi sempre repelido, tanto em razão do
tratamento agressivo dispensado a seus camaradas, como pela falta de lógica,
racionalidade e equilíbrio na apresentação de seus argumentos".
Prisão
Em 1986, quando já servia como capitão, no 8º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista, Bolsonaro foi preso por quinze dias após escrever, na seção "Ponto de Vista" da revista Veja de 3 de setembro de 1986, um artigo intitulado "O salário está baixo".Para Bolsonaro, o desligamento de dezenas de cadetes da AMAN se devia aos baixos salários pagos à categoria de uma forma geral, e não a desvios de conduta, como queria deixar transparecer a cúpula do Exército. A atitude de seus superiores levou à reação de oficiais da ativa e da reserva, inclusive do General Newton Cruz, ex-chefe da agência central do Serviço Nacional de Informações (SNI) no governo João Figueiredo. Bolsonaro recebeu cerca de 150 telegramas de solidariedade das mais variadas regiões do país, além do apoio de oficiais do Instituto Militar de Engenharia (IME) e de esposas de oficiais, que realizaram manifestação em frente ao complexo militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro.Foi absolvido pelo Superior Tribunal Militar (STM) dois anos depois.
Em 1986, quando já servia como capitão, no 8º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista, Bolsonaro foi preso por quinze dias após escrever, na seção "Ponto de Vista" da revista Veja de 3 de setembro de 1986, um artigo intitulado "O salário está baixo".Para Bolsonaro, o desligamento de dezenas de cadetes da AMAN se devia aos baixos salários pagos à categoria de uma forma geral, e não a desvios de conduta, como queria deixar transparecer a cúpula do Exército. A atitude de seus superiores levou à reação de oficiais da ativa e da reserva, inclusive do General Newton Cruz, ex-chefe da agência central do Serviço Nacional de Informações (SNI) no governo João Figueiredo. Bolsonaro recebeu cerca de 150 telegramas de solidariedade das mais variadas regiões do país, além do apoio de oficiais do Instituto Militar de Engenharia (IME) e de esposas de oficiais, que realizaram manifestação em frente ao complexo militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro.Foi absolvido pelo Superior Tribunal Militar (STM) dois anos depois.
Operação Beco Sem Saída
Bolsonaro e o esquema, de próprio punho, do plano de ataque à Adutora do Guandu, integrante da rede de abastecimento de água do Rio de Janeiro
Bolsonaro e o esquema, de próprio punho, do plano de ataque à Adutora do Guandu, integrante da rede de abastecimento de água do Rio de Janeiro
Em 27 de outubro de 1987, Jair Bolsonaro informou à
repórter Cássia Maria, da revista Veja, sobre a operação "Beco Sem
Saída". Na época, Bolsonaro apoiava a melhoria do soldo e era contra a
prisão do capitão Saldon Pereira Filho.A operação teria como objetivo explodir
bombas de baixa potência em banheiros da Vila Militar, da Academia Militar das
Agulhas Negras, em Resende, e em alguns outros quartéis militares com o
objetivo de protestar contra o baixo salário que os militares recebiam na
época.
Bolsonaro teria desenhado o croqui de onde a bomba
seria colocada na Adutora do Guandu, que abastece de água ao município do Rio
de Janeiro. A revista entregou o material ao então Ministro do Exército e este,
após quatro meses de investigação, concluiu que a reportagem estava correta e
que os capitães haviam mentido. Por unanimidade, o Conselho de Justificação
Militar (CJM) considerou, em 19 de abril de 1988, que Bolsonaro era culpado e
que fosse "declarada sua incompatibilidade para o oficialato e consequente
perda do posto e patente, nos termos do artigo 16, inciso I da lei nº
5836/72". Em sua defesa, Bolsonaro alegou na época que a revista Veja
tinha publicado acusações fraudulentas para vender mais com artigos
sensacionalistas
O caso foi entregue ao Superior Tribunal Militar
(STM). O julgamento foi realizado em junho de 1988 e o tribunal acolheu a tese
da defesa de Bolsonaro e do também capitão Fábio Passos da Silva, segundo a
qual as provas documentais — cujo laudo pericial fora feito pela Polícia do
Exército — eram insuficientes por não permitirem comparações caligráficas, uma
vez que fora usada letra de imprensa. O STM absolveu os dois oficiais, que
assim foram mantidos nos quadros do Exército. Ainda em 1988, Bolsonaro foi para
a reserva, com a patente de capitão, e no mesmo ano iniciou sua carreira política,
concorrendo a vereador do Rio de Janeiro. O laudo da Polícia do Exército, no
entanto, seria mais tarde desmentido pela Polícia Federal, que confirmou a
caligrafia de Bolsonaro.
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