Mário Covas Júnior nasceu emSantos, 21 de abril de 1930 e morreu em São Paulo em 6 de março de 2001) foi um engenheiro e político brasileiro. Foi o trigésimo governador do estado de São Paulo, entre 1 de janeiro de 1995 e 22 de janeiro de 2001, quando se afastou do cargo em decorrência de um câncer que o acometeu. Como Mário Covas não renunciou ao seu mandato, ele manteve a sua condição de governador afastado até o seu falecimento, em 6 de março de 2001. Nesse ínterim, Geraldo Alckmin governou o estado na condição de governador interino, sendo inclusive citado pela imprensa como tal.
Origem e formação
Nascido em Santos, Mário Covas era filho de Mário Covas Pérez e Arminda
Carneiro Neto. Pelo lado paterno, era neto do espanhol Jesús Covas Pérez e da
portuguesa Ana Francisca Rodrigues Estaca. Pelo lado materno, era neto do
português Manuel Carneiro Neto e de Rosalina Marques filha de portugueses.
Aos catorze anos, mostrou seu interesse pela política, quando disse que queria ser técnico de futebol do time municipal e prefeito da cidade de Santos.[3] Cursou o primeiro grau no Colégio Santista e o segundo grau no Colégio Bandeirantes, de São Paulo. Graduou-se em engenharia civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI-USP), onde foi colega daquele que seria no futuro seu maior adversário político, Paulo Salim Maluf. Foi na USP que iniciou-se a militância política do jovem Covas, que seria eleito em 1955 vice-presidente da União Nacional dos Estudantes.
Formado, Mário
Covas trabalhou como engenheiro da prefeitura de Santos até 1962.
Carreira política
Deputado durante o regime militar
Iniciou sua vida pública em 1961,
quando foi candidato derrotado à prefeitura de Santos, sua cidade natal. A respeito disso,
Covas dizia que só não conseguiu ser eleito para dois cargos: Presidente da
República e Prefeito de Santos. No ano seguinte conseguiu eleger-se para seu primeiro
cargo, o de deputado federal,
pelo PST.[3] Com a dissolução dos
partidos políticos em 1965, Covas seria um dos
fundadores do MDB, único partido político de oposição
existente durante o período da Ditadura
Militar.
Em 1968, Covas era o líder da bancada
oposicionista na Câmara dos Deputados, porém foi cassado em em 16 de janeiro
de 1969, com a outorga do AI-5.
Ele ficou durante 10 anos com os direitos políticos suspensos. Com a cassação, e a perda dos direitos políticos,
Mário Covas dedicou-se à engenharia.[4]
O retorno, prefeito de São Paulo e o mais votado senador na
constituinte
Em 1979, reconquistados os direitos políticos,
Covas retomou a luta contra a ditadura,
tornando-se presidente do MDB. Foi reeleito deputado
federal em 1982 pelo PMDB (sucessor
do MDB), com um total de 300 mil votos. Com a posse do governador André Franco Montoro em março de 1983,
seria nomeado por ele Secretário de Estado dos Transportes. No entanto, apenas
dois meses depois, com o apoio do próprio Franco Montoro, venceria o grupo
de Orestes Quércia dentro
do PMDB e foi nomeado para a prefeitura de São Paulo, que comandaria, como
"prefeito biônico" ( referencia ao seriado norte-americano: O Homem
de Seis Milhões de Dólares), até o primeiro dia de 1986,
quando passou o cargo para Jânio Quadros. Como prefeito de São Paulo,
conduziu um amplo processo de asfaltamento de ruas, de melhoramentos na
periferia da cidade e de recuperação dos órgãos e serviços públicos.
Anteriormente à chegada do PMDB ao poder, os senadores e
prefeitos nomeados eram chamados pejorativamente de "Senador Biônico"
e "Prefeito Biônico" numa alusão a um seriado norte-americano, mas
Mário Covas, por ser do PMDB, foi poupado dessa pecha.
Em 1986, ano em que foi instituído pelo
Presidente José Sarney o Plano Cruzado, considerado pela oposição um
"estelionato eleitoral" por favorecer os candidatos da situação,
Covas foi eleito senador com 7,7 milhões de votos, a maior votação de um
candidato a cargo eletivo na história do Brasil até então, beneficiado também
pela reputação conquistada como prefeito. Foi líder da bancada do PMDB no
Senado durante a Assembleia que elaborou a Constituição de 1988.
Durante os trabalhos da Assembleia
Nacional Constituinte, alinhou-se muitas vezes às bancadas de esquerda e
fez oposição ao chamado Centrão.
Em 1987, o governador de Alagoas, Fernando Collor de
Mello, propôs a Mário Covas a formação de uma chapa dentro do PMDB
para a disputa das eleições presidenciais seguintes, na qual Covas seria o
candidato e Collor, o vice. Mário Covas recusou o convite.
Os primeiros anos de PSDB
Em 1988, Covas foi um dos principais líderes da
dissidência do PMDB:[3] membros da legenda
(incluindo o ex-governador Franco Montoro), insatisfeitos no diálogo
político com o presidente José Sarney e com o então governador
paulista Orestes Quércia,
decidiram fundar um novo partido, o PSDB,
do qual Mário Covas foi o primeiro presidente. Como indicado no próprio nome da
legenda, o PSDB surgiu com uma plataforma social-democrata, defensora da manutenção do
capitalismo de maneira regulada, com respeito aos direitos trabalhistas e
promoção de uma justa distribuição de renda. Em relação ao PMDB, o PSDB, quando
de sua fundação, pretendia manter-se em uma posição mais à esquerda,
autodefinindo-se como um partido de centro-esquerda. Nas eleições presidenciais
de 1989, as primeiras desde 1960,
Covas foi o candidato do PSDB tendo como vice Almir Gabriel, ficando em quarto lugar. No ano
seguinte, foi candidato derrotado a governador de São Paulo, ficando em
terceiro lugar.
Como senador, desde o início do mandato do presidente Fernando Collor de
Mello (PRN), Mário Covas, que havia apoiado o
candidato do PT, Luiz Inácio Lula
da Silva, no segundo turno das eleições de 1989, fez oposição à sua
administração. A partir de 1991, com dificuldades em
aprovar projetos de seu interesse no Congresso
Nacional, Collor passou a direcionar esforços na busca da adesão
do PSDB ao governo, acordo que passaria pela
cessão de cargos dentro de seu ministério. Mário Covas foi uma das principais
vozes do partido a condenar qualquer negociação com Collor e, com efeito, seria
um dos impositores da recusa do PSDB, recusa proferida não sem conflitos
internos em março de 1992.
Com o surgimento das denúncias de Pedro Collor em maio,
Covas e o PSDB colheriam os dividendos de sua escolha política. O senador
inclusive seria um dos principais nomes da Comissão
Parlamentar de Inquérito instalada no Congresso para investigar
os negócios do presidente e que pediria o seu impeachment no
relatório final aprovado em agosto. A Câmara Federal afastaria Collor em 29 de setembro e o presidente entregaria
a sua carta-renúncia no início de seu julgamento pelo Senado em 29 de dezembro, a fim de evitar a cassação de
seus direitos políticos por oito anos. A renúncia não seria aceita o julgamento
prosseguiu, com Mário Covas votando pela cassação, concretizada por ampla
maioria.[3]
Em 1994 Covas foi novamente candidato a
governador de São Paulo e venceu Francisco Rossi (PDT)
no segundo turno com
oito milhões de votos, sendo depois reeleito em 1998 para
mais quatro anos de governo.
O governo Covas
No início de 1995, Mário Covas assumiu o
estado de São Paulo declarando haver herdado inúmeras dívidas das gestões
anteriores, apontando obras paralisadas e aparelhamento político de órgãos
públicos, o que ocasionaria irregularidades em suas administrações. O Banespa, principal banco estadual do país,
estava sob intervenção do Banco Central por má gestão. Intervenção esta que
depois de ter sido investigada em uma CPI na Câmara dos Deputados mostrou-se
trágica para a instituição, aumentando em muito a dívida do banco com o estado.
Covas demitiu quatro mil empregados do Baneser, supostos fantasmas. Entre os
demitidos, encontravam-se guardas escolares (todos) e funcionários do Fundo
Social de Solidariedade. Renegociou contratos de serviços, que ficaram
paralisados. Limitou os cargos de confiança e iniciou um processo de reforma e
modernização administrativa. Privatizou uma série de empresas estatais, como a
Eletropaulo, e longos trechos de rodovias estaduais; foi criticado pelo aumento
dos números de postos de pedágio. Iniciou a licitação de linhas
inter-municipais de ônibus da EMTU - que venciam em 1996. Num acordo de
renegociação da dívida do Estado para com o governo federal, cedeu ao mesmo as
linhas da Fepasa,
posteriormente privatizadas.
No setor de saneamento básico, Covas recuperou as finanças
da Sabesp e incentivou a recuperação e
despoluição do Rio Tietê, iniciada no
governo Fleury. No final da década de 1990, a capacidade de tratamento de
esgotos cresceu com a ampliação da capacidade de tratamento da Estação de
Tratamento de Esgotos de Barueri e inauguração das Estações de Tratamento de
Esgoto Parque Novo Mundo, São Miguel e ABC.
Na área da educação, Covas foi severamente criticado por
instituir na rede estadual o modelo de ensino de progressão continuada. Neste
modelo, elimina-se a repetência por nível de aproveitamento (notas). Tal modelo
é amplamente elogiado por educadores[carece de
fontes], no entanto é consensual que para aplicá-lo corretamente deve
haver um acompanhamento pedagógico muito bem estruturado que nem sempre ocorre
na rede pública de ensino. Durante o mandato surgiram vários relatos de jovens
prestes a concluir o ensino fundamental que
seriam praticamente analfabetos.
Covas também sofreu críticas por recusar aumentos a professores
e demais servidores públicos, chegando a entrar em conflito em junho de 2000 com
professores na Praça da República, onde foi agredido por servidores grevistas
que tentavam impedí-lo de entrar pela porta da frente na sede da Secretaria de
Educação.
A 18 de Agosto de 1997 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do
Infante D. Henrique de Portugal.[5]
Afastou-se do governo em janeiro de 2001 para tratar-se de
doença, e não mais retornou. Seu vice, Geraldo Alckmin, o substituiu e permaneceu até
o fim do mandato, em 2002, quando foi reeleito, ficando assim ao todo 6 anos à
frente do governo paulista.
As privatizações
Através do denominado PED (Programa Estadual de Desestatização
criado pela Lei Nº 9.361, de 5 de julho de 1996[6]), o governo Mário Covas
privatizou as principais empresas e estradas estaduais entre 1995 e 2000, o que
garantiu R$ 32,9 bilhões aos cofres do estado. Um dos principais articuladores
dos planos de privatização foi o secretário de Energia de Covas, David Zylbersztajn,
juntamente com Geraldo Alckmin (então
vice-governador), que à época presidiu o PED.
·
Banespa -
Banco do Estado de São Paulo
·
CESP -
Companhia Energética de São Paulo
·
CPFL -
Companhia Paulista de Força e Luz
·
Comgás – Companhia de
Gás do Estado de São Paulo
·
Eletropaulo –
Eletricidade de São Paulo
·
Elektro – Serviços de Eletricidade
·
Fepasa –
Ferrovia Paulista
·
Empresa Bandeirante de Energia
Via Anhanguera
Morte
Covas sofria de um grave câncer na bexiga. A primeira cirurgia foi realizada em
dezembro de 1998, o tumor foi retirado e o Governador,
submetido a quimioterapia.
1. Porém,
a doença voltou em outubro de 2000 e,
em 22 de janeiro de 2001, Mário Covas afastou-se do governo
e teve de ser submetido a uma nova cirurgia, na qual parte de seu intestino
teve de ser retirado. Ele morreria pouco depois, no dia 6 de março de 2001. O corpo está sepultado no
Cemitério do Paquetá,
em Santos.
Referências
1º. Ofício de registro civil de
Santos (25 de abril de 1930). «Talão do registro de nascimento de Mário Covas Junior».
Consultado em 23 de fevereiro de 2020
2. ↑ Fundação Mario Covas. «Guia do Acervo Mario Covas». 2005
3. ↑ Ir para:a b c d e «Mário Covas». UOL - Educação. Consultado em
29 de junho de 2017
4. ↑ «Folha Online - Brasil - Mário Covas». www1.folha.uol.com.br.
Consultado em 6 de dezembro de 2017
5. ↑ «Cidadãos Estrangeiras Agraciados com Ordens Nacionais».
Resultado da busca de "Mário Covas". Presidência da República
Portuguesa (Ordens Honoríficas Portuguesas). Consultado em 1 de março de 2016
Veja entrevista no Roda Viva em 1994
Veja também:
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