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30 agosto 2020

O poema nosso de cada dia: Semana Dirceu Casagrande - 1 Corrupção

São sete poemas do nosso amigo dracenense Dirceu Casagrande, constantes em nossos arquivos e que apresentaremos a partir deste domingo (30/08)

Dirceu Casagrande - Foto do Facebook
(editada por nossa redação) 

"CORRUPÇÃO

Eu sou como a nuvem do temporal,
Que deixa rastros por onde passa,
Na favela, no morro tirando vidas
E vou embora sem deixar sinal de fumaça.

Eu sou a praga criada
Na fila da fome e da dor
Sou a ganância do mais muito mais
Sou a falta da partilha e do amor.

Eu ajunto sem maquinários
Colho onde nunca plantei
Ganho dormindo, sonhando
Mas hoje eu acordei.

De que vale juntar tanto pra mim
Se não guardo nada pra depois
Se o vírus chamado corona
Pega em mim, você, nós dois.

Se o hospital que interna é o mesmo
Que trata do pobre e do rico
Se a morte leva o paciente
Leva todos nem eu mesmo fico.

Ainda bem que foi só pesadelo
Acordei quando o vírus chegou
Quero voltar pra escola de novo
Que a saúde a corrupção já levou.

Só restas alguns pacientes
Que agoniza na ânsia da morte
Que eu com a sede do mais
Decretei sua dor, sua sorte.

Eu sou a corrupção
Meu nome não é tão interessante
Meu poder esse sim importa
Mando, desmando e sigo adiante."

(Dirceu Casagrande)

29 agosto 2020

O poema nosso de cada dia: Soneto de fidelidade - Vinicius de Moraes


"De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."

Vinicius de Moraes nasceu em 19 de outubro de 1913,  faleceu em 09 de julho de 1980 e foi um dos maiores criadores da cultura brasileira. Escritor, letrista, diplomata, dramaturgo, crítico de cinema, o legado deixado pelo “poetinha” é de valor inestimável.
É certo afirmar que a sua produção poética foi bastante voltada para o tema do amor, embora nas suas obras também seja possível encontrar uma meta-escrita ou até mesmo uma escrita engajada, preocupada com os problemas políticos e sociais do mundo.