Desde a década de 1960, os contraceptivos tiveram um papel fundamental no comportamento sexual e social da mulher. De lá para cá, inúmeros remédios do tipo foram desenvolvidos, com ações diferentes. Mas, quase seis décadas depois, ainda existem muitas dúvidas não só sobre o funcionamento, como os efeitos no organismo.
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O
ginecologista e obstetra Domingos Mantelli, autor do livro Gestação:
Mitos e Verdades sob o Olhar do Obstetra, preparou uma lista com 15
mitos e verdades para esclarecer as dúvidas mais comuns a respeito da pílula.
Confira.
Mitos e Verdades
1. A pílula anticoncepcional pode acabar com o desejo
sexual das mulheres. MITO E VERDADE. O
questionamento que as mulheres mais fazem aos ginecologistas é sobre a perda de libido. Não há qualquer relação entre o uso desse contraceptivo com a
perda do apetite sexual, porém eventualmente se houver interferência do
anticoncepcional na concentração do hormônio testosterona, poderá haver uma diminuição, mas não a perda da libido.
2. O anticoncepcional promove o aumento de peso. MITO. Os hormônios contidos nas pílulas devem ser dosados e
indicados pelo ginecologista para não sobrecarregar a contagem de hormônios.
Mas, em geral, não há indícios de que o efeito seja relacionado ao aumento do
peso. O que pode ocorrer é uma retenção de líquidos maior levando a um inchaço,
dependendo do hormônio que for utilizado. No entanto, isso não está relacionado
ao aumento de células de gordura. O único segredo para não ganhar quilos é
praticar exercícios e ter uma alimentação saudável.
3. A pílula causa câncer. MITO E VERDADE. As pesquisas realizadas na área são incontestáveis, o uso da
pílula não está associado ao surgimento de cânceres, porém podem aumentar a
probabilidade de tê-los em alguns casos. O efeito muitas vezes é até contrário,
onde o contraceptivo oral auxilia na prevenção de câncer como os de endométrio e ovários. Porém, as pílulas
combinadas que contêm estrogênio aumentam a probabilidade de câncer de mama em pacientes com histórico pessoal ou familiar deste
câncer.
4. A infertilidade pode ser causada pelo uso contínuo do
anticoncepcional. MITO. As mulheres que
tomam a pílula por um longo período de tempo podem demorar um pouco mais do que
as mulheres que não fazem o uso do medicamento para voltarem a engravidar. Isso
se dá pois uma parte dos hormônios pode ficar acumulado em células de gordura e
continuarem a ser liberados mesmo após a parada de tomá-los. A pílula é
reversível e não causa danos à saúde da mulher.
5. Posso não fazer intervalos entre todas as cartelas para
não menstruar. VERDADE. Apesar de o
sangue da menstruação ser uma maneira do corpo feminino se livrar das impurezas
do organismo, a pílula não perde sua eficácia se a opção for emendar as
cartelas, desde que os intervalos sejam acompanhados pelos ginecologistas.
6. O cigarro prejudica a ação das pílulas. VERDADE. O anticoncepcional continua sendo um método eficaz mesmo com o
uso do cigarro. Mas combinação das substancias presentes no fumo e nas pílulas
afetam o fígado bruscamente e aumentam as chances de doenças cardiovasculares e tromboses venosas. É altamente recomendada a não união da pílula e do cigarro.
7. O uso da pílula pode acarretar no aumento da acne. MITO E VERDADE. O surgimento da acne está
veiculado ao hormônio feminino, quando a pílula é somada ao excesso de hormônio
feminino já encontrado naturalmente em algumas mulheres, podendo haver efeito
indesejado. Quando as mulheres possuem maior taxa de hormônios masculinos no
organismo, a pílula é equilibrador e auxilia no tratamento da acne.
8. O consumo de álcool pode fazer a pílula perder o efeito. VERDADE. O álcool pode sim interferir na capacidade preventiva das
pílulas anticoncepcionais. Tanto o álcool como os anticoncepcionais são
metabolizados no fígado. O álcool pode inclusive aumentar as taxas de estradiol
circulante, elevando seus efeitos colaterais como o aumento da probabilidade de
se ter câncer de mama. Também o uso contínuo da bebida pode afetar a qualidade
dos óvulos e dificultar uma gravidez posterior.
9. O anticoncepcional causa trombose. MITO. Não, desde que o uso seja livre da influência de cigarros e
que a mulher não tenha outros fatores de risco para trombose. O cigarro unido à
pílula é responsável por engrossar o sangue, complicar a circulação e causar as
tromboses. Claro que toda paciente deve ser orientada sobre a
possibilidade de investigar trombofilia antes de iniciar um método contraceptivo
10. A pílula altera o humor das mulheres. VERDADE. A pílula pode melhorar o humor feminino porque age diretamente
no controle das dores e dos sintomas nada sutis que vêm acompanhados da
menstruação. O contraceptivo oral é um combatente da TPM.
11. A pílula causa celulite. MITO. As celulites são provenientes da genética, não há o que
culpar. Converse com seu ginecologista sobre anticoncepcionais que retenham
menos líquido no organismo, reporte ao médico inchaços, aumento de peso e
qualquer alteração física para descartar possibilidades de efeitos colaterais.
12. Posso utilizar as pílulas do dia seguinte mesmo tomando
o contraceptivo regularmente. MITO. Não, a
combinação dos contraceptivos não aumenta a prevenção da gravidez, mas acarreta
em problemas circulatórios e perda de libido causada pela alta dosagem hormonal
dos medicamentos.
13. Posso tomar qualquer anticoncepcional disponível no
mercado. MITO. Não, o ginecologista é o único capacitado para receitar o
contraceptivo oral, pois há a necessidade de realizações de exames para
descartar impossibilidades de usar o método. A dosagem hormonal também só pode
ser indicada pelo médico para não ocasionar efeitos colaterais.
14. A pílula pode ser ingerida em horários distintos.
MITO. O anticoncepcional deve ser tomado em horário regular. O
esquecimento contínuo deixa o corpo feminino sem a cobertura da ação preventiva
da pílula facilitando a fertilização.
15. Preciso trocar a marca das pílulas de tempos em tempos. MITO. Se a mulher não tem efeitos desagradáveis com o uso continuo
de uma só pílula, pode utilizar por tempo indeterminado uma marca e a eficácia
não será comprometida.
Fonte:
Panorama Farmacêutico