Qualquer semelhança pode ser mera coincidência
"O Pastel Suor e Lama
Era um barzinho imundo
O seu dono, Luciano,
Quase tava moribundo
Mas nunca levou na vida
O nome de vagabundo
Mas uma galera esperta
Na bodega foi chegando
Luciano abriu as portas
E os cabras foram entrando
E diziam toda hora
“Pra ja ir se acostumando”
O pastel virou sucesso
Lugar cheio de malícia
Cheio de danças, mulheres
De soldados da polícia
Dizem que até juízes
Achavam uma delicia
Veio gente de todo lado
Mudando até a rota
Veio do monte Pascoal
Veio até dono de Frota
Veio Major, Capitão
E muita gente de bota
Até o velho Messias
Levou sua filharada
Oh juventude traquina!
Que gosta de presepada
Que fizeram no pastel
Uma festa da pesada
O Pastel, aos poucos, foi
virando um lupanar
E na frente do bordel
Na parte alta, a brilhar,
Puseram PSL
Para o povo admirar
O povo acompanhava
Toda movimentação
Mas nas festas não entrava
Porque não tinha vez não
Mas dava pra observar
De longe, a confusão
Onde tem muito dinheiro
Todo mundo quer mandar
Luciano nem sabia
Como contabilizar
E o Major e o Capitão
Começaram a avacalhar
Logo começou o cacete
Cabeçada e empurrão
Revistaram Luciano
Que nem tinha mais ação
O Major levou uma tapa
Mas bateu no Capitão
O povo, de longe, olhando
Via soco, pontapé
Chamaram Cabo Tenório
Ludugero, o Coroné
Lá fora só se ouvia
Pega fogo cabaré!
Mestre Bicu
Rua do Sapo, 14/5/1963"